Estima-se que problemas masculinos estão presentes em cerca de 50% dos casais inférteis. Em 30% dos casais que não conseguem engravidar, o homem é o único responsável pela infertilidade e, em 20% das vezes, temos fatores masculinos e femininos envolvidos.

Para adequada avaliação do homem, deve-se realizar anamnese detalhada incluindo as seguintes informações:

  • Medicações em uso (sulfassalazina, antifúngicos, corticóides, alopurinol, colchicina);
  • Uso de drogas (maconha, narguile, cocaína, ecstasy, LSD, heroína, crack, drogas sintéticas);
  • Abuso de álcool;
  • Exposição a substâncias / ambientes tóxicos para as gônadas (saunas, piscina aquecida, radiação, contato com metais pesados e pesticidas);
  • Hábito de tabagismo;
  • Consumo de café;
  • Investigação sobre o momento em que ocorreu a puberdade e se foi tardia ou se há ausência de caracteres sexuais secundários;
  • Histórico de ginecomastia (alterações no metabolismo dos estrógenos, hiperprolactinemia, uso de anabolizantes);
  • Investigação de criptorquidia unilateral ou bilateral;
  • Avaliar a frequência de relações sexuais do casal (atenção a concomitância com o período fértil da mulher);
  • Avaliar se há histórico de paternidade de relacionamento prévio ou atual;
  • Avaliar características das relações sexuais (uso de lubrificantes e saliva);
  • Pesquisar doenças como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, esclerose múltipla, doenças de depósito como sarcoidose e insuficiência renal crônica;
  • Quadros febris agudos, infecções crônicas, doenças oncológicas;
  • Cirurgias prévias: cirurgia bariátrica, herniorrafia, cirurgia para criptorquidia e testículos retráteis, correção de ginecomastia ou cirurgias na hipófise.

O exame inicial para avaliação masculina é o espermograma, no qual avalia-se, de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), o volume do ejaculado, o Ph (acidez), a viscosidade, a cor, a liquefação, a concentração dos espermatozóides, bem como sua motilidade (movimentação), a morfologia (formas dos espermatozoides) e a determinação do número de leucócitos no sêmen. 

Uma vez realizado o espermograma os demais exames devem ser orientados a partir da anamnese, avaliação da análise seminal inicial e correlacionado com a hipótese diagnóstica.

Varicocele

Varicocele é a dilatação das veias presentes dentro do escroto. Essa condição corresponde a 25% das causas de infertilidade masculina e, dentre os casos de infertilidade secundária em homens, é a principal causa, atingindo prevalência acima de 75%. O diagnóstico pode ser feito com exame físico, mas o exame complementar para confirmar essa avaliação é o ultrassom com doppler da bolsa escrotal. 

Como a varicocele gera um aumento da temperatura testicular e consequentemente compromete a espermatogênese pelo aumento do estresse oxidativo, existe um exame para avaliar essa questão chamado de teste de fragmentação de DNA. Esse exame avalia o nível de comprometimento do DNA do espermatozóide e uma vez alterado apresenta relação com abortamento de repetição, baixas taxas de fertilização e implantação embrionária.

O hipogonadismo representa 15% das causas de infertilidade masculina e a investigação hormonal é realizada com a dosagem de FSH, LH, testosterona total e livre, prolactina e hormônios tireoidianos (TSH e T4 livre).

Outras causas de infertilidade masculina com sua respectiva prevalência em porcentagem são:

  • Infecções urogenitais 13%;
  • Criptorquidia 13%;
  • Outras causas 12%;
  • Fatores sexuais 9%;
  • Fatores do sistema imunológico 8%;
  • Doenças sistêmicas 5%.


Outros exames que podem ser solicitados na avaliação masculina com indicação precisa são o cariótipo e pesquisa de microdeleção do cromossomo Y.